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O modelo educacional da Coreia do Sul e de Cingapura — os dois lados da moeda

Gabriel Mario Rodrigues

Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)

05/04/2016 04:51:27

Gabriel Mario Rodrigues2Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES e Secretário Executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular
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Nenhum país que tem a educação como prioridade está alheio às discussões que inflamam especialistas e afetam as vidas de pais e estudantes. O que ensinar a crianças que não necessitam mais do saber enciclopédico, porque têm acesso a informações de qualidade ao toque do mouse, mas que devem ser talhadas para enfrentar problemas e ofícios que nem sequer se imagina quais serão? (Monica Weinberg)[1]
Se Dorival Caimmy queria saber o que é que a baiana tem, o mundo quer saber o que Coreia do Sul e Cingapura têm para emergir de um passado miserável como dois dos quatros “tigres asiáticos”, ao lado de Hong Kong e China. Os que responderam “a educação”, acertaram na mosca! Educação de qualidade e pública. Claro que esses países não têm terra agricultável, minérios, petróleo e riquezas naturais. Em Cingapura falta água que, até há pouco tempo, era importada da Malásia. O sucesso e o vigor dos modelos aqui tratados só poderiam ter origem cultural. Coreia do Sul e Cingapura são os campeões na área da educação e de produção de conhecimentos. A Coreia do Sul ocupa um território 70% montanhoso, pouco adequado à agricultura. Em 1970 não tinha fábricas de automóveis, não tinha siderurgia nem qualquer indústria. Ocupada de 1910 a 1945 pelo Japão, o país só começou a existir modernamente ao fim de uma terrível guerra civil interrompida em 1953, que separou as duas Coreias. Hoje a pequena Coreia do Sul é um gigante industrial construído em menos de 50 anos — lidera a construção naval e o uso da Internet, possui 700 mil patentes (Inglaterra e Alemanha têm 500 mil e o Brasil 40 mil) e é conhecida pelo tamanho e qualidade das suas indústrias eletrônica e automobilística. Cingapura – minúsculo sultanato da Malásia até o começo do século XIX, com uma área inferior a 1.000 km2 e que não tem nem sequer tem um povo próprio — foi fundada em 1819 pelo militar, administrador colonial e naturalista britânico, Thomas Stamford Raffles. Na Segunda Guerra Mundial sofreu a ocupação dos japoneses e depois voltou a ser protetorado inglês. Sua história independente moderna começa em 1965, partindo exatamente do zero. Cingapura tornou-se, em menos de 50 anos, um gigante financeiro e comercial. Tem o segundo maior porto do mundo, atrás apenas de Hong Kong. Depois de Nova York e Londres, é o terceiro maior centro financeiro do mundo e tem o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do mundo (em poder de compra). O que gerou tamanha riqueza nesses dois vigorosos “tigres asiáticos”? Eles tinham metas a cumprir. Valores a zelar. Obrigações e mais obrigações. Sabiam que primeiro tinham de aprender, e muito. Professores ensinando ao máximo, alunos aprendendo ao máximo, com prioridade para a formação de economistas, engenheiros de alto nível e mão de obra altamente qualificada. Quando começou seu salto educacional, a Coreia do Sul, que não tinha professores bem preparados em grande quantidade, investiu em cursos de formação, convidou professores estrangeiros e hoje conta com uma classe de professores altamente capacitada. Com isso, aumentou o total de alunos por sala, bem acima do que o mundo estava acostumado a ver. Nas escolas sul-coreanas e de Cingapura os professores, os alunos e os diretores das escolas têm padrões de desempenho a cumprir e metas sempre crescentes. O pragmatismo em ambos os países conduziu a educação para o aprendizado dos alunos e para os resultados. O que nunca faltou — na quase britânica Cingapura e na exclusivista Coreia do Sul— foram metas a cumprir, deveres e deveres. Corroborando esse cenário, o estudo “Como os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo”[2], da consultoria americana McKinsey, ainda em 2008, identificou as medidas que levam esse seleto grupo de nações aos lugares mais altos nos rankings dos exames internacionais —    selecionar os melhores professores, cuidar da formação docente, não deixar nenhum aluno para trás e capacitar equipes de gestores. O relatório da consultora McKinsey é taxativo — o conhecimento do docente e sua atuação em sala de aula são decisivos para o desempenho da turma. Entretanto, não basta recrutar os melhores professores e formá-los bem. É preciso mantê-los sempre atualizados por meio de mentoria, trabalhos em grupo, cursos sobre as didáticas específicas, itens dos quais a Coreia do Sul e Cingapura não descuidam. Em ambos os países, os futuros professores são selecionados entre os 5% melhores alunos do ensino médio e enfrentam uma formação exigente e provas difíceis para ingressar na carreira. Por lá, ser professor é uma honra, e os mestres recebem salários compatíveis com essa honraria. Cingapura passou de uma economia agrária à categoria de “tigre asiático”, a partir da década de 1970, tendo a educação exercido um papel decisivo nessa transformação. Os dirigentes escolares foram capacitados para aplicar conhecimento teórico e prático de forma criativa e inovadora, pois as escolas deveriam estar preparadas para atender a era pós-industrial. Por sua vez, se hoje a Coreia do Sul é um gigante industrial que cresce a taxas superiores a 10% ao ano, isso deve isso a um pesado investimento tecnológico, sustentado por uma educação de alto nível, baseada na eficiência do corpo docente, no nível exigente de ensino, no uso de tecnologia (primeiro país a usar banda larga em todas as escolas), na conscientização da família[3] e na meritocracia. Entre todas as políticas adotadas pela Coreia do Sul nos anos 1960 para aumentar os índices educacionais do país, uma colheu efeito excepcional: o investimento público concentrou-se no ensino fundamental e ficou a cargo da iniciativa privada cuidar da proliferação do ensino superior. Hoje os sul-coreanos gastam duas vezes mais na formação de um universitário do que na de um aluno de ensino fundamental, o que é uma proporção equilibrada para padrões internacionais (no Brasil, um universitário custa 17 vezes mais). Mas há um efeito negativo nisso que nós, brasileiros, consideramos uma sorte danada: a pressão sobre os jovens por bons resultados em testes é tanta que contribui para a Coreia do Sul figurar entre os países com a maior taxa de suicídio na adolescência. Além disso, a ênfase na memorização tem sufocado a oportunidade de surgirem criações disruptivas. Apesar dos bons resultados nos exames como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), por exemplo, a fama dos alunos não é tão grande quando o assunto é criatividade, comunicação e improviso. No novo mundo da criatividade e da flexibilidade, esses “tigres asiáticos” dependem da criatividade de empresas de garagem do Vale do Silício, onde garotos indisciplinados ditam o que os asiáticos precisam copiar e baratear. As empresas hoje querem gente com autopropulsão, curiosidade, ausência de limites formais e capacidade de achar respostas—não pessoas organizadas e que sabem as respostas de cor. Preocupada com essa realidade, a atual presidente sul-coreana, Park Geun-hye, quer implementar um programa que vai colocar menos ênfase em resultados de testes e mais em explorar competências e habilidades para o século XXI por meio de atividades de aprendizagem baseadas em discussão e solução de problemas, trabalho em equipe, experiências e atividades ao ar livre, que promoverão a criatividade e o pensamento crítico dos alunos. Atualmente, esse novo programa é administrado em 2.551 escolas de ensino médio de todo o país, com cerca de 80% dos alunos participando. Para chegar a essa mesma conclusão que a Coreia do Sul, o sistema educacional cingapuriano passou, nesses últimos 50 anos, por três grandes fases: a primeira (1959-1978), conhecida como “fase da sobrevivência”, focada na expansão do ensino básico a todos os cidadãos; na segunda (1979-1996), a “fase da eficiência”, o país mudou o direcionamento da educação para adaptar-se às novas demandas mundiais: de economias baseadas em trabalho intensivo para as baseadas em competências, com pesado investimento em escolas técnicas; na atual e terceira fase, a educação voltou-se para o desenvolvimento da criatividade e aplicação de novas ideias. São experiências que devem ter nossa reflexão para servirem de modelo para repensarmos nossa educação.   [1] Jornalista da revista Veja, em reportagem de 19/06/2015. [2] No site http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/2008/como-sistemas-escolares-melhor-desempenho-mundo-chegaram-ao-topo-597753.shtml, é possível ler a íntegra do documento. [3] Enquanto a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) coloca os pais brasileiros entre os menos interessados na educação de seus filhos, os pais sul-coreanos destacam-se pelo alto grau de participação. Pais de crianças pequenas costumam gastar 25% da renda familiar com educação. Lembrando: participar da vida escolar dos filhos, na Coreia do Sul, significa seguir de perto a lição de casa, informar-se sobre o que a criança está aprendendo e incentivar a leitura de livros.  

28/05/2020

Rosana Akemi Pafunda

Gostei muito da reportagem, principalmente porque apresenta várias informações específicas que não localizamos facilmente. Só gostaria de apontar uma correção presente no primeiro parágrafo, porém em nada compromete o artigo. Se refere a China que não é um dos quatro tigres asiáticos. Todos foram citados com exceção de Taiwan. Muito obrigada.

Precisamos de uma educação que prepare os estudantes para o futuro

Mozart Neves Ramos

Membro do Conselho da Mind Lab e titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira da USP – Ribeirão Preto

28/11/2025

 

A universidade como a conhecemos vai acabar (e isso é uma boa notícia)

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Professor titular aposentado, é ex-reitor da UFV (Universidade Federal de Viçosa); foi presidente do Inep, secretário-executivo do Ministério da Educação e vice-presidente do Conselho do Pisa

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Equilíbrio e segurança: STF traz clareza quanto ao intervalo dos professores

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Diretor-presidente da ABMES e Secretário-executivo do Brasil Educação, Fundador e Controlador do grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo

24/11/2025

 

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